segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Fragmentos do passado

Na minha arrecadação tenho um cemitério de coisas inúteis: móveis velhos, objectos estragados à espera de um arranjo impossível, caixas de cartão de que já não sei o conteúdo. No entanto, no meio da desordem própria de arrecadação, há uma caixa que não costumo abrir mas sei onde está e aquilo que tem dentro: fragmentos do passado. É eventualmente a caixa mais inútil de todas, mas sou demasiado preso a mim próprio para me livrar dela.

Vou até ela e tiro de lá recordações, agarradas aos fragmentos. Uma capa de caderno, uma BD caseira de gosto duvidoso, um cartão de estudante, uma folha de ponto, uma agenda velha com nomes de pessoas perdidas… Elementos soltos, de tempos diferentes, misturados de forma indiferente.
Vasculho um pouco e tento descobrir algum nexo, tento encontrar um determinado tempo e dar-lhe ordem. Com meia dúzia de papéis junto um ano de vida. Já está. Tiro uma foto. Mais tarde vou guardá-la na caixa.

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