Passou-me pela mão uma fotografia de um corredor da escola, vazio e escuro. Por qualquer motivo, a foto pareceu-me repulsiva; uma impressão ligeira, mas com sabor a náusea. Escondi-a numa gaveta da secretária, longe dos olhos mas à vista do pensamento.
Passaram-se alguns dias. Não racionalizo, mas sem querer iracionalizo. Uma lembrança assoma finalmente à superfície da memória, como um destroço que estivesse afundado. Revivo a experiência como se se passasse agora: cheguei mais atrasado do que devia e vou levar na cabeça. Ou então: fui expulso e já levei na cabeça. Tiro a foto da gaveta e olho de novo para ela: não há motivo para medos, já acabei a escola, não me podem chumbar por faltas.
Sem comentários:
Enviar um comentário